terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre UPPs e os recentes episódios de violência

Um tempo depois da implementação das UPPs na cidade, ouví de um amigo no trabalho, que mora em Nilópolis, que os traficantes estavam transferindo-se para as cidades da Baixada Fluminense. Isso antes dos veículos de comunicação noticiarem.

Certa vez, num jornal, lí uma declaração do Beltrame, Sec. de Segurança, dando conta de que, por causa da implementação das UPPs, muitos traficantes estariam deixando a vida que levavam, buscando colocação no mercado formal de trabalho.

Durante o encaminhamento deste processo de instalação de UPPs, pensei: "Bom, os traficantes terão que conseguir uma alternativa financeira. Poderão haver maior número de assaltos, roubos, arrastões..."

Penso que as três situações descritas acima são possíveis, a segunda, me permitam, talvez constituíndo-se a excessão dos casos. As vezes temos oportunidade de ver que alguns destes, quando abordados, afirmam ter vontade de deixar a vida que levam. Pode ser uma chance. Pode ser...

O que acho que vem acontecendo, nestas últimas semanas, é um esforço, por parte dos bandidos, de jogarem a opinião pública contra a Polícia. "Poxa, as favelas agora estão cheias de policiais, enquanto que na minha rua, onde todos pagam impostos, não encontramos um policial." Já ouví isso. Acho que estas ações objetivam despertar, aumentar este sentimento. Convenhamos, em termos de retorno financeiro, comparando-se ao tráfico de drogas, não representam nada mesmo.

Não gosto do Cabral. Olhava com muita reserva para o Beltrame, por conta da política de enfrentamento que adotaram no início do governo. Entretanto, a UPP, se não é a solução milagrosa dos céus, constitui-se num primeiro passo importante no encaminhamento da solução, que atravessa, antes de mais nada, a questão social, que pede um outro tipo de presença do Estado na vida das favelas.

Vamos cobrar da Polícia, sim, com coerência, mas sem massacrar-lhes. A situação é nova para todos. Até para ela. Tenho fé que as coisas melhorem.