sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Aécio Neves e a legitimação das "medidas impopulares"

"Algo que desta vez seria ainda mais grave, já que aquele que assumir a responsabilidade de governar o país se verá obrigado a talvez tomar decisões impopulares para colocar o barco no rumo certo: não é nenhum segredo que o Brasil passa por uma grave crise econômica e de credibilidade por parte dos mercados."

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/17/opinion/1413545607_250359.html


EL PAÍS Brasil já parte do suposto que, para colocar a economia "no rumo", serão necessárias medidas impopulares; Coincide com declaração dada por Aécio Neves e que foi publicada na Folha de São Paulo de 2 de Abril de 2014: "Estou preparado para decisões impopulares"
(Ver: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2014/04/1434480-estou-preparado-para-decisoes-impopulares-diz-aecio-neves.shtml

Essa associação, para mim, é uma estratégia do PSDB com duplo fim: 


1) Justificar as escolhas políticas e econômicas de Fernando Henrique Cardoso, em seus dois mandatos, que geraram efeitos pesados para os mais pobres;

2) Legitimar as escolhas políticas e econômicas de Aécio Neves num eventual mandato presidencial, seguindo cartilha do partido. 



Os tucanos DEFENDEM que as políticas econômicas de FHC como as ÚNICAS QUE ERAM POSSÍVEIS no cenário, como se, naquele momento, os atores sociais envolvidos não tivessem, à disposição, um arco de escolhas e possibilidades para o enfrentamento de situações de crise. NATURALIZAM a opção do tucano de colocar o ônus de suas ações na conta dos mais pobres. Aécio Neves parece ter o mesmo horizonte em vistas e pretende lançar mão dos mesmos métodos e argumentos, além de já contar com a adesão de boa parte da mídia, como o próprio El País Brasil que, ao falar da divisão do país pós-eleições e das dificuldades que dela decorrerão, faz questão de assinalar que "alguns movimentos já teriam anunciado que, se Aécio ganhar, organizarão uma manifestação nas ruas todos os dias", como a dizer: "Olha, virão tempos difíceis para a maioria das pessoas - pobres - mas contamos com a generosa e patriótica paciência de vocês para superarmos esses desafios. Vamos juntos", quase a dizer-nos, novamente, que deveremos esperar o bolo crescer a fim de que ele seja repartido. Isso a gente já viu que é "caozada", certo?

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Aécio Neves e as Universidades Públicas

Samuel Pessoa é um economista da Fundação Getúlio Vargas e articulista do Instituto Millenium



Fará parte da equipe econômica de Aécio Neves, candidato do PSDB

O Instituto Millenium, de acordo com seu site, "promove valores e princípios que garantem uma sociedade livre, como liberdade individual, direito de propriedade, economia de mercado, democracia representativa, Estado de Direito e limites institucionais à ação do governo". É uma instituição Liberal.

Samuel Pessoa, de acordo com artigo publicado na Folha de São Paulo em 29/6/2014 e transcrito pelo site do Instituto liberal, defende que a Universidade pública COBRE MENSALIDADES de seus alunos na graduação




Um membro da EQUIPE ECONÔMICA de Aécio Neves, que diz que "O ensino universitário é um bem de natureza privada",  não vai influenciar nos rumos das Universidade, retirando-lhes o caráter PÚBLICO?

No Chile, a educação universitária é PAGA. Assista, abaixo, o documentário "A Educação de Pinochet". Um dos políticos entrevistados fala que a Educação é um bem de consumo. Parece que Samuel Pessoa, da equipe econômica do candidato à presidência do PSDB, Aécio Neves, também pensa assim.

No site "Opera Mundi" lemos:

"O sistema educacional chileno fomenta a desigualdade e a exclusão social. Esta é a conclusão de um relatório recém-divulgado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) que vai ao encontro das reivindicações do movimento estudantil chileno – que há meses realizam paralisações em todo o país pedindo uma educação pública gratuita e de qualidade.


Segundo o levantamento da Unesco, “o caso do Chile chama a atenção pelo alto valor do financiamento estatal a entidades privadas, o que termina gerando um mecanismo escolar de institucionalidade e funcionamento complexos. Estes parecem existir para atender, preferencialmente, à liberdade de ensino, e não à garantia do direito à educação por parte dos estudantes”." (Ver: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/18359/segundo+relatorio+da+unesco+modelo+de+educacao+chileno+gera+desigualdade+e+exclusao.shtml )

O documento da Unesco pode ser lido aqui: http://portal.unesco.org/geography/es/files/15017/13230888961Estudio-comparativo-UNESCO-Vernor-Munoz.pdf/Estudio-comparativo-UNESCO-Vernor-Munoz.pdf 

Querem correr esse risco no Brasil? Então, NÃO VOTE EM AÉCIO NEVES, DO PSDB, para a Presidência da República.

sábado, 11 de outubro de 2014

Aécio Neves e os Servidores Públicos

Andei lendo rapidamente - porque não queria estragar as deliciosas lasanhas que comi - o programa do Aécio Neves (PSDB) em alguns trechos onde trata de suas ideias para os Servidores Públicos. Confesso que senti muita FAMILIARIDADE de suas propostas com o que vivo, na condição de Servidor Público da cidade do Rio de Janeiro (em breve espero romper essa algema). Tenho a sensação de que, nesta parte, tenta conciliar posições nem sempre conciliáveis. Em outras palavras, parece falar para os Servidores, sinalizando para eles propostas que, a meu ver, estão muito "abertas" (pouco precisas), ainda que positivas, ao mesmo tempo em que acena para aqueles que tem a imagem - infelizmente em alguns casos correta - de que os Servidores trabalham pouco e não são muito eficientes. 

Ao mesmo tempo em assinala a criação de uma data-base, deixa transparecer - conscientemente ou não, quem sabe? - que os Servidores terão REAJUSTES e não AUMENTOS SALARIAIS (p.12). INFELIZMENTE, para os Servidores, o IPCA, índice que costuma ser utilizado para reajustes, acaba não refletindo a inflação real. (Pesquise sobre o IPCA e vai entender). O CADEADO que parece visar os aumentos salariais está colocado na dita política de "meritocracia", que já conhecemos aqui na cidade do Rio de Janeiro. Sobre isso, destaco (em transcrições nem sempre literais do programa que estão na p. 8):

1 - Prêmio por produtividade como mecanismo de incentivo ao alcance de resultado, que será pago proporcionalmente às metas alcançadas;

2 - Revigorar as escolas de governo (Enap e Esaf) para a promoção dos programas de formação continuada dos servidores federais para a atração e retenção de talentos;

3 - Criar e implantar o modelo de avaliação de desempenho individual e utilizá-lo como mecanismo para promoções e progressões nas carreiras;

4 - Implantar o modelo de remuneração variável para criar incentivos à maior produtividade individual e institucional;

Sobre os problemas e contradições desta maneira de relacionar-se com os Servidores, já argumentei nestes artigos, ao pensar o caso da cidade do Rio de Janeiro e as políticas de Eduardo Paes (olhem só: ex-tucano [ex mesmo?]):

Valorização efetiva dos servidores ou privilégio para poucos? - http://observatoriopolitica.blogspot.com.br/2012/03/valorizacao-efetiva-dos-servidores-ou.html

Podem dar ganhos reais aos Servidores, mas não devem e nem o farão, deputado Pedro Paulo? - http://observatoriopolitica.blogspot.com.br/2013/07/podem-dar-ganhos-reais-aos-servidores.html

Acredito que essa política de meritocracia enquadre-se na proposta que fala em Instituir modelo de política remuneratória que assegure desenvolvimento de carreiras (p. 12).

Entendo que quando o programa de Aécio fala em Instâncias de negociação permanente para apresentar, avaliar e debater demandas (p.12) parece manifestar o desejo de "cozinhar em banho-maria" os Servidores, JOGANDO com suas expectativas, para que não confrontem-no e nem radicalizem, via greve e manifestações, quando em busca do atendimento de suas demandas. A "mesa de negociações" deverá funcionar, quem sabe, como um mecanismo de retardo na organização de outras frentes de luta dos Servidores. Quem acompanha (ou acompanhou, como meu caso) as lutas dos Servidores da cidade do Rio de Janeiro deve lembrar dos Administrativos da Prefeitura. Boa parte deles estão sendo enrolados pelo Prefeito Eduardo Paes há alguns anos com a promessa de um Plano de Cargos e Salários que NUNCA SAI. Ah, a proposta de Aécio também fala no "fortalecimento" de Plano de Cargos e Salários. Os profissionais da Educação da cidade do Rio de Janeiro não gostaram, nem um pouco, do PCCS da Prefeitura. As mudanças em PCCSs nem sempre são boas... Quem redigirá eventuais propostas? As categorias ou o Governo Federal sob a batuta de Aécio Neves? 

Para mim, a imagem abaixo sinaliza a tônica das relações de um eventual governo de Aécio Neves: parece que será carta corrente desta gestão sentenças como "os recursos são limitados", "não podemos fazer isso agora", etc. 

Eu estou fora dessa turma de PSDB. Quero distância.