Eu
não sou daqueles que acompanham, com afinco, qualquer fórum de discussão na
internet. Honestamente, não tenho paciência para tantos assuntos. Escolho os
que dizem respeito à Política, especificamente, à realidade de nossa cidade do
Rio de Janeiro, bem como de seus Servidores Públicos, quadro a que pertenço. Faço
isso pelo Facebook, pelo Twitter e, bem menos agora, pelo Orkut. Também não me
considero “analista político”, “vanguarda” ou “liderança”. Não quero caminhar à
frente de ninguém. Quero andar lado a lado com os que desejam uma sociedade
mais justa e igualitária.
Tenho
reparado, nestes espaços de discussão, certa postura que, a princípio, me
pareceu curiosa. Fique tentando entender e definir, até que me veio à mente a
imagem da “Mosca de Padaria”. Mas por que classificar, assim, quem procura
fazer análises políticas? Porque, à semelhança da mosquinha, pousa, ora no pão
francês, ora no brioche, ora no pão doce, ora no sonho, ora no brigadeiro, ora
no pastel. “Experimenta” todos. “Esse pão francês está muito queimado, pode
quebrar a dentadura de alguém!” “Este brioche tem bom aspecto visual, mas está
muito doce!” “Esse pão doce está com boa cobertura, mas sua massa está um pouco
crua!” “De longe, esse sonho parecia bom! Mas fica enjoativo porque tem muita
canela. Quero só ver o que vão dizer os que gostaram desse sonho quando
vomitarem!” “Esse brigadeiro está muito preto. Quem gosta de beijinho de coco
vai se sentir discriminado por causa disso!” “Esse pastel está bom para encher
um pneu, de tanto vento que tem!” E assim vai a Mosquinha. Para todos tem uma
opinião. Mas não escolhe nenhum.
Os
analistas políticos “Mosquinhas de Padaria” falam de todos os candidatos.
Apontam, para não parecerem “Chatos totais” algumas virtudes, mas pintam com
tintas carregadas de ironia e deboche, as vezes lançando mão de expressões
chulas ou palavrões, os pontos negativos. E o principal: NÃO SE POSICIONAM DE
MANEIRA CLARA E OBJETIVA. NÃO ESCOLHEM NINGUÉM, NÃO DEFENDEM NINGUÉM. Será que
estão, mesmo, em cima do muro, ou se, por trás dessa postura, não estão
favorecendo a manutenção do status quo através de suas atitudes? Criando um
sentimento de “desencanto” com a Política, não estariam favorecendo àqueles que
dela abusam?
Não
sou ingênuo. Tenho plena consciência que QUALQUER CANDIDATO pode, ao assumir o
poder (ou não), capitular de suas bandeiras políticas e mudar de orientação
ideológica, para espanto de parcela de seu eleitorado tradicional. Os que
votamos no Partido dos Trabalhadores nos últimos anos vivenciamos isso. É
desagradável viver isso? Óbvio! Quem gosta de sentir-se decepcionado? Acho que
ninguém. Agora, se não existe, na sociedade, perspectiva de mudança da lógica
de representação de poder atualmente, que se dá através das Eleições, isso é
motivo para, de maneira indireta, estimular o voto nulo? Apesar de alguns ainda
acreditarem, essa opção NÃO ANULA a Eleição.
É
evidente que podemos refletir sobre, por exemplo, a lógica de escolhas dos
candidatos pelos seus partidos, o tempo disponível de propaganda que possuem, a
questão do financiamento de campanhas, dos redutos eleitorais e suas estruturas
de dependências. Isso demonstra-nos que a “Democracia” ideal ainda não saiu do
mundo das ideias de Platão. No entanto, diante de uma Eleição, há que se fazer
uma escolha. Pessoalmente, procuro optar por aqueles que considero
comprometidos com a transformação social. Não voto, em hipótese alguma, em
candidatos do DEM, PSDB, PP, PR e, agora, para engrossar a lista, no PT (fui
eleitor do Lula e da Dilma). Caso não encontre, no pleito eleitoral, nenhum
candidato que me satisfaça, tento fazer a opção por aquele que considero “menos
ruim”. Por último, e só por último, anularia o voto, no caso de uma disputa de
2º turno onde só houvesse candidatos dos partidos acima. Mas o fundamental para a vida política
republicana, a meu ver, é a nossa participação política para além das Eleições.
Acompanhar os mandatos do Legislativo e do Executivo, em todas as esferas. Cobrar
de seu candidato, se ele se elegeu. Cobrar, também, dos demais, independente de
não ter votado neles ou mesmo de concordar com suas bandeiras. Lembrar-lhes que
estamos olhando, cobrando, fiscalizando a aplicação dos recursos públicos. Não lhes
outorgar uma “carta branca” para agirem como bem entenderem.
A
cidadania responsável e consciente passa pelas “urnas”, mas não acaba nelas. Ela
diz respeito à nossa tomada de posição política clara, “desavergonhada”, por
questão de honestidade intelectual. Não vive como “Mosquinha de Padaria”. E ela
atravessa o exercício de poder dos governantes, participando com sua opinião e
intervenção, na medida de suas possibilidades. Dá trabalho? Sim, de fato. E não
é pouco não. Mas é necessário.
Em
tempo: votarei em Marcelo Freixo (PSOL n.º 50) para Prefeito da cidade do Rio
de Janeiro.