Há nove dias, os moradores da Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, sofrem com os tiroteios de PMs e traficantes de droga. Pessoas são mortas, causando profunda dor em seus familiares e amigos; escolas não funcionam, deixando muitas crianças e jovens com as possibilidades de ascensão social através do estudo muito prejudicadas; trabalhadores sofrem com os constantes desvios no trânsito, uma vez que seus ônibus tem a rota alterada para não passarem em regiões de confronto.
A política de guerra às drogas é um moedor de carne humana. Mas não é qualquer carne. É carne de pobres - moradores das favelas, traficantes de drogas e policiais - que morrem, cotidianamente, na dita cidade maravilhosa, para oferecerem grandes lucros àqueles que ganham com a proibição da venda de drogas: os engravatados (senadores da República, filhos de magistrados, etc.) grandes e verdadeiros traficantes de armas e drogas. Naturalmente, não desfrutam do banquete sozinhos: possuem braços nas Polícias, nas Forças Armadas, no Judiciário e na Política. O traficante da favela é, em última análise, o varejista.
É urgente regulamentar e liberar a venda de drogas, pensando em quais pontos de venda ela seria realizada(farmácias?), assim como quantidades que os usuários poderiam comprar. Além disso, pensar e construir, de maneira séria e responsável, possibilidades para que os atuais varejistas do tráfico sejam inseridos, socialmente, através de uma política de educação que contemple esses segmentos, bem como de emprego digno. Não perder de vista que, tanto para esse grupo quanto para o conjunto da população, faz-se necessária melhor distribuição de renda, num país profundamente desigual como o Brasil. Por último, e não menos importante, oferecer eficiente suporte de saúde aos usuários, a fim de atender-lhes às necessidades urgentes (que lhes coloquem a vida em risco), promover campanhas de esclarecimento sobre as consequências do vício e suporte terapêutico (Psicólogos e Psiquiatras) para aqueles que desejarem abandonar as drogas.