sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Depois de toda eleição

Seu candidato ganhou as últimas eleições? 

Seu trabalho, enquanto eleitor, não acabou! Apenas mudou. Agora você vai acompanhar seu desempenho. 

Vai ver se ele está cumprindo o que ele prometeu. Disse que ia fazer uma coisa e está fazendo outra? Cobre. 

Vai verificar de quem ele está se aproximando e por quê. Disse que não andava com tais sujeitos e agora se aproxima deles? Questione. 

Não concordou com o que ele fez? Posicione-se. Questione-o. 

Voto não é carta branca, licença pro sujeito fazer o que bem entender. 

Não é só votar no dia das Eleições e, depois, submergir, querendo ficar tranquilo no seu cantinho. Voto gera efeitos na vida de todos.

Político tem que fiscalizado. E de perto! Não tem essa de "deixa ele/ela trabalhar em paz". Ele está ali como seu representante. Por isso, deve prestar contas daquilo que faz. 

Não cultue políticos. Não os venere como santos. São gente de carne e osso (e Espírito), estão sujeitos ao erro (intencional ou não). 

Se o político frustrou suas expectativas, assuma sua responsabilidade pelo voto que lhe deu e tenha a decência de não votar nele novamente.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Por que eu NÃO VOTO em Jair Bolsonaro




Eu entendo a decepção com o governo Dilma/Temer e compartilho dela. É uma lástima, para mim, que a situação tenha chegado a esse ponto. A todo o momento repito que as esquerdas devem bater a poeira do PT de suas sandálias se querem, de verdade, produzir algo de útil e emancipador para o povo. Entretanto, em razão do candidato que está do outro lado - que se apresenta como novo mesmo sendo e representando o velho na política - vou votar no Haddad praguejando muito.

O PT errou muito, se aliou ao que há de pior na política (inclusive o PP, partido que, durante muitos anos abrigou Jair Bolsonaro e é dos que mais foi citado na Lava Jato). Seus quadros deslumbraram-se com o poder e entraram nos esquemas de corrupção que já existiam antes do partido, quando não criaram ou aperfeiçoaram outros. Isso, à despeito do discurso pela ética e honestidade que seus partidários faziam antes de assumirem as estruturas de poder. Se por um lado suas políticas sociais foram benéficas para grandes setores da população, suas bases foram assentadas na exportação de commodities (matérias-primas) principalmente para a China que, então, crescia em torno de 15% ao ano. Quando esse crescimento chinês diminuiu pouco mais que a metade, a grana - que alimentava os programas sociais e, também, enchia o pote dos mais ricos, vide os lucros estratosféricos que tiveram no período - começou a faltar e a turma endinheirada pressionou pelas reformas liberalizantes (privatização do que fosse possível, reforma previdenciária, trabalhista, teto dos gastos públicos) com o único objetivo de sequestrar, para si (enquanto classe) o Estado. É a turma que prega e proclama "menos Estado" para os pobres, mas quer o Estado para si e para os seus. Quando o PT não entregou as reformas desejadas e o PMDB - quadrilha aliada do Temer - sinalizou que as faria (lembra de um documento chamado "Uma ponte para o futuro"?), a turma agitou o impeachment de Dilma (que fazia governo desastroso e começava a implementar programa de Aécio, mas não com a velocidade que o "Mercado" desejava). Temer, com o Congresso alinhado com ele e com essa agenda, promove essas reformas que a gente viu que, à despeito das promessas de Meirelles e Temer, não resolveram a economia e ferraram com os pobres.

Bolsonaro, para mim, representa o contrário de tudo que acredito em termos de política e valores humanos. Seu evasivo plano de governo e seu discurso moralista escondem uma agenda econômica liberalizante que vai tornar a vida dos mais pobres muito mais difícil do que já é. Seu potencial ministro da economia já sinalizou que a PEC do Teto dos gastos (que retira investimentos da educação e da saúde públicas) deveria ser aprofundada. Bolsonaro já sinalizou que prefere Reforma Trabalhista mais dura. Daqui a pouco as pessoas estarão trabalhando apenas para pagar comida e passagem pro trabalho. Se ficarem doentes, grávidas ou forem se aposentar, passarão apertos sérios. Ele, certamente, vai aprofundar as reformas que jogaram a popularidade de Temer no subterrâneo.

O outro problema não menos grave de sua candidatura são suas posturas e declarações públicas. À exaustão, já sinalizou que é racista, machista, homofóbico. Para além disso, despreza os Direitos Humanos (nossa garantia contra os abusos dos agentes do Estado) quando defende a prática da tortura (crime contra a Humanidade) e exalta figuras historicamente odiosas e desprezíveis, como Brilhante Ustra, torturador que, na ditadura militar, colocava ratos vivos nas vaginas das presas políticas e mostrava, à seus filhos (crianças), seus pais torturados (sujos de sangue, vômito e urina e com hematomas). A simpatia do candidato à essas coisas não quer dizer que ele tomará às mãos a prática delas, mas sim que seus simpatizantes se sentirão autorizados a realizá-las. Trata-se de consentimento.

Num ambiente desses, não sei se a oposição organizada será viabilizada, uma vez que o candidato já sinalizou que não admitirá ativismos (leia-se "Manifestações). Some-se à isso que o cara já admitiu "aliviar" a barra dos policiais que eventualmente matassem em serviço (já fazem muito, farão mais). Ora, se as atuais manifestações que incomodam o poder (desde o período do PT, diga-se de passagem) já são reprimidas com violência, o que esperar quando a PM tem licença para fazer o que entende? Veja que isso inviabiliza, ou torna quase impossível, qualquer oposição. E não vale dizer que garantias constitucionais freariam ele, já que, além de não mostrar apreço pela democracia, seu vice já manifestou intenção de realizar constituinte com notáveis que, escolhidos por eles, fariam uma constituição conforme seus desejos.

Penso, portanto, por tudo que elenquei, que fazer oposição ao Haddad será mais viável e menos perigo que fazer à Jair Bolsonaro. Por isso, sem qualquer empolgação, e lastimando profundamente, votarei 13. Seria melhor, para o país, que o segundo turno se desse com candidatos diferentes destes que estão aí. Fugiria à polarização que, neste momento, está sendo explosiva.

sábado, 29 de setembro de 2018

Notas sobre o "Mulheres contra o Bolsonaro"

#EleNão


1 – Fui de Metrô. No caminho, ainda no bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, vi duas moças se dirigindo ao Metrô. “Acho que vão lá para a Cinelândia”, pensei. Elas chegaram antes de mim e foram antes. Mas, no vagão, ainda na linha 2, era possível identificar grupos onde predominavam mulheres. “Essas vão”, pensei. E foram. Estavam lá as mulheres, em grande número, predominavam e tiveram protagonismo. Na Estação da Cinelândia, quando os trens paravam e as pessoas desciam, eram recebidas com o empolgado grito “Ele não!”. Eu me arrepiei e me emocionei. Senti um clima bem parecido com o de 20 de Junho de 2013. Quando a manifestação de dirigiu à Praça XV me retirei.

2 – Além das mulheres, vi homens, casais heterossexuais, muitos dos quais levando filhos, crianças pequenas que regulavam quatro anos de idade. Vi também bebês, e não foram poucos. Havia, ainda, homossexuais (à sós ou casais) e grande quantidade de idosos, na maioria mulheres. Torcidas de clubes do Rio de Janeiro se fizeram representar de maneira organizada e com faixas: Flamengo, Fluminense e Vasco. Vi gente com a camisa do Botafogo também.
Havia muita militância de partidos políticos situados no espectro das forças políticas do Centro (sendo generoso com alguns) à Esquerda: PDT, Rede, PT, PSOL e PSTU. A CUT e alguns sindicatos que não conhecia. Também os anarquistas (não vi em grande número, mas posso estar enganado). Houve distribuição de material de campanha dos candidatos junto com a inscrição #EleNão. Os nomes deles apareciam pequenos, o destaque era para o nome do movimento. Não peguei nenhum por causa disso.

3 – O Carro de Som, até onde vi, era comandado pelas mulheres. O “Ele não” predominava, mas havia, também, discursos e algumas apresentações de textos. Estive longe do carro de som na maior parte do tempo, portanto, não consigo recuperar o que foi dito.

4 – Havia poucos PMs. Não estavam na mesma quantidade das outras manifestações em que estive presente. Havia bastante guardas municipais nos seus trajes habituais, não era aquele grupo “especial” que se veste de besouro como os da PM. Não vi atacarem ninguém, graças a Deus.

5 – Calculo que havia em torno de 50 mil pessoas na manifestação.