sábado, 3 de novembro de 2012

O cotidiano de contradições cariocas



            Ao ler a edição on line de Jornal do Brasil de 3 de Novembro de 2012, deparo-me com a seguinte matéria: “Pacificada, Cidade de Deus ainda sofre com abandono do poder público”[1]. Destaco os seguintes trechos da matéria:
Bem perto da pompa e circunstância da inauguração da sede administrativa da UPP Quadras, na Cidade de Deus, moradores das chamadas Triagens reclamaram das más condições de vida. As principais reclamações são sobre habitação, luz e saneamento básico.
(...)
“A prefeitura construiu muitas creches aqui, e uma delas inclusive tem problemas com falta de água. Os próprios professores não querem saber de dar aulas lá por falta de estrutura. Não queremos mais creches. Queremos casas decentes e estrutura básica.”, criticou Sandra.
(...)
Maria Almerinda dos Reis, moradora da Triagem há 45 anos, foi retirada do terreno onde morava, em Acari, e trazida para a Cidade de Deus. Ela conta que o esgoto jorra para dentro da casa dela há pelo menos três anos:
“O esgoto entope e não temos como desentupir. Há inclusive uma outra casa, aqui ao lado, na qual o esgoto toma conta, inunda a casa e invade a rua. É uma coisa horrível”, declarou Maria.
 Deise Barbosa, de 35 anos, conta que o secretário municipal de habitação, Jorge Bittar, teria prometido a remoção de moradores para apartamentos em prédios de até quatro andares, com dois a três quartos. Até esta quinta-feira (1), a promessa não havia sido cumprida:
 “Desde 2010 nós estamos ouvindo essas promessas do Bittar. Até agora, nada foi feito. No meio de 2012, ele disse que a Caixa Econômica não havia liberado o dinheiro. E assim continuamos até hoje”, reclamou Deise.
Em outro ponto da Cidade de Deus, a reportagem do Jornal do Brasil também encontrou muito lixo jogado perto de um valão. Carros da Comlurb até foram vistos no local, mas não havia sinal de garis ou catadores de lixo nas proximidades.[2]
            Ao verificar tamanha indignação, ocorreu-me uma ideia: verificar, na internet, qual seria a Zona Eleitoral da Cidade de Deus. Numa breve pesquisa, descobri que seria a 179ª Zona Eleitoral, que seria, inclusive, a maior da cidade. Dai, busquei o resultado da última eleição, para prefeito, ocorrida neste ano. Eduardo Paes ganhou na região com 49.469 votos (65,35% dos votos válidos)[3]. Então fiquei na dúvida. Se na matéria consta que “Os moradores contaram ao Jornal do Brasil algumas das dificuldades pelas quais passam há anos”,[4] por que votaram, em sua maioria, no atual prefeito Eduardo Paes, do PMDB, reelegendo-o? Ao que me consta, se reelege um governante quando se está satisfeito com ele. Ora, se os problemas apresentados na reportagem são antigos e dizem respeito, também, a atuação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por que votaram nele? Expectativa que ele resolva, nos próximos 4 anos o que não quis resolver durante os 4 anos de seu primeiro mandato? Não entendo, honestamente... Reclamam dos serviços municipais, mas reelegem o prefeito...


[1] ALMEIDA, Henrique. Pacificada, Cidade de Deus ainda sofre com abandono do poder público. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 3 de Novembro de 2012. Disponível em: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/11/03/pacificada-cidade-de-deus-ainda-sofre-com-abandono-do-poder-publico/ Último acesso em 3 de Novembro de 2012.
[2] IDEM.
[4] ALMEIDA, Henrique. Pacificada, Cidade de Deus ainda sofre com abandono do poder público. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 3 de Novembro de 2012. Disponível em: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/11/03/pacificada-cidade-de-deus-ainda-sofre-com-abandono-do-poder-publico/ Último acesso em 3 de Novembro de 2012.


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