O desmonte do Serviço Público
alterna períodos de velocidade e lentidão, de acordo com o momento político que
se vive. Já vivemos mais brutais. Por hora, acho que se mantém, num ritmo mais
compassado. É como se organizassem a batida de tambores que, antes, faziam
barulho e que, agora, produzem uma espécie de compasso de marcha. E parece que
muitos de nós estamos acostumando com esse barulho, porque nossa capacidade de
indignação vai ficando amolecida. Parece, mesmo, que nosso ouvido
"naturaliza" essa batida sinistra e começamos a julgá-la evento
natural e inexorável. MAS NÃO É!
Quantos hospitais a gestão de
Eduardo Paes (do PMDB de Sérgio Cabral e Pezão, aliado do PT de Dilma) já
fechou? Quantas unidades de saúde estão sob a (ir)responsabilidade das
Organizações Sociais? O que se pretende, de fato, com a recém-criada EMPRESA
MUNICIPAL DE SAÚDE? A retórica de que os serviços melhorariam com a gestão das
OSs já se mostrou falaciosa. Pendendo para a privatização, a EMPRESA MUNICIPAL
DE SAÚDE não deve ser diferente. O problema NÃO É O SERVIDOR PÚBLICO EM SI, ou
mesmo O FATO DA GESTÃO SER PÚBLICA. O problema está na política pública de uma
gestão que QUER PRIVATIZAR O SERVIÇO PÚBLICO, DESMONTANDO-O; QUE É CONTRÁRIA À
GESTÃO PÚBLICA DO SERVIÇO PÚBLICO.
O método é ardiloso e cruel,
principalmente numa conjuntura onde a saúde pública está doente. A unidade é
esvaziada: de insumos e de servidores, via aposentadorias, via mudanças de
locais de trabalho por motivos nem sempre profissionais. Depois, a obra do
tempo atuando nos tijolos, na estrutura física. Deixa-se de atender com
qualidade. Reduz-se a quantidade de atendimentos.
E joga-se para a plateia:
"Olhem como a gestão pública, via servidores é ruim! Eles não trabalham.
São malandros. Não são comprometidos. POR ISSO, POR CULPA DOS SERVIDORES, vamos
passar a gestão da unidade para a Organização Social "X" ou para a
Empresa de Saúde, que tem outro modelo de gestão, mais profissional (e outras
baboseiras que eles gostam de ruminar em seus discursos tecnocratas)". Ou
quando não falam, simplesmente, em fechar e redistribuir os pacientes na rede,
segundo eles "sem prejuízo para o atendimento à população", como se
as demais unidades já não estivessem, por si sós, sobrecarregadas.
Hoje é o Hospital Municipal
Barata Ribeiro que está AMEAÇADO. Os dados, no caso desta unidade, ainda estão
rolando. O que somos nesse jogo? Meros expectadores ou protagonistas?
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