1 - Não tenho elementos
suficientes para comparar os casos de racismo estadunidenses com os
brasileiros. Sei de alguns pontos de contato apenas que, aliás, são bem
intrigantes. A população carcerária dos EUA, em sua maioria, é de negros, assim
como a nossa. De acordo com uma socióloga da Universidade de Ohio, existem mais
negros encarcerados hoje do que escravizados no século XIX. (Ver:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/30858/sem+tempo+para+sonhar+eua+tem+mais+negros+na+prisao+hoje+do+que+escravos+no+seculo+xix.shtml
) No Brasil, são maioria também. (Ver:
http://www.cps.fgv.br/cps/CD_Retratos_Carcere/Pro_Curto_retratos_dos_pres%C3%ADdios_cariocas_VERSAOCOMPLETA.pdf
) O que tem em comum? A pobreza.
1.1 - Mas... A pobreza não é
uma gripe ou uma virose, ocasional, que passa ou eventualmente mata. A pobreza
e a miséria (sua expressão mais cruel) são históricas. Os filhos dos pobres e
dos miseráveis tem enormes dificuldades em romper a linha da pobreza e da
miséria e ascender socialmente, por conta de toda conjuntura contrária (saúde,
educação, condições de vida de qualidade, etc). Agora, o branco pobre NÃO É
VISTO DA MESMA MANEIRA QUE O NEGRO POBRE. Há um estigma social na cor,
infelizmente, que reforça a desgraça de ser pobre ou miserável. Aqueles jovens
que foram colocados para fora do shopping no Ceará que o digam. (Ver:
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/jovens-negros-sao-humilhados-em-shopping-e-gravam-tudo.html
).
1.2 - E qual o retrato da
pobreza, que é histórica? Quando entramos nas favelas, de que etnia é a maioria
das pessoas? Quando passamos ou entramos em cracolândias, qual a etnia da
maioria das pessoas ali? São, por acaso, como aquele chamado "mendigo
gato"? (Ver: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/10/mendigo-gato-faz-ensaio-fotografico-apos-deixar-reabilitacao-veja-fotos.html
) E os moradores de rua, quantos são padrão FIFA (Fernanda Lima/Rodrigo
Hilbert)? E as transmissões de TV no novo Maracanã? Repararam que embranqueceram
a platéia?
2 - O Estigma social que tentam
impor aos negros é introjetado por muitos deles. Acabam reproduzindo o
preconceito que são vítimas. Como isso? Já viram aqueles casos onde negros não
se autodefinem negros? Por que fariam isso? Para mim, o fazem porque não veem
vantagens em se apresentar como tais, muito pelo contrário. Devem fazê-lo para
"evitar maiores transtornos". Tentam descolar-se porque sabem que a
Polícia, nas abordagens que faz, prioriza eles; porque são vistos como "menos
bonitos" do que outros segmentos étnicos brasileiros, vide o caso Fernanda
Lima/Camila Pitanga X FIFA.
3 - A televisão reforça os
estigmas. Os papéis subalternos são... Dos negros. (Ver:
http://monografias.brasilescola.com/arte-cultura/a-representacao-mulher-negra-na-teledramaturgia-brasileira.htm
). Concursos de beleza pela TV. Miss não sei das quantas. Brancas! Globeleza ou
Musa do Carnaval: Negra. Longe de promover a integração, a TV reforça a
divisão. E não o faz porque é manipuladora. Manipula, também, e não é pouco.
Agora, para dar certo o que aparece na telinha, os programas precisam
identificar-se com os valores dos telespectadores, do contrário não são vistos.
Alguém demanda assistir documentários, programas de debates, etc? Por que não o
fazem? Porque não gostam. Estes programas tem menor audiência porque não são
muitos os que os assistem. Trocando em miúdos: A TV, assim como os políticos,
são reflexos nossos.
4 - O racismo está naturalizado
socialmente. Muita gente é e não sente. Quem sabe nós o somos, também, e não
temos consciência? Quando alguém vai descrever, para um terceiro, uma pessoa
negra, sua etnia é recordada: "Fulano, aquele negão, alto, forte,
etc...", o mesmo não acontece com algum branco, alto, forte, que não é
descrito como tal. "Macaco", "negro quando não caga na entrada,
caga na saída", "fazendo serviço de preto", são expressões que
qualquer um de nós já ouviu por aí e muita gente usa sem sentir.
5 - Há uma dívida social com a
pobreza. Quando ela for combatida, de fato, a maioria da população negra, que
perfila com os excluídos, ascenderá. Mas é bom que a gente não perca de vista
que tem muita gente com uma Casa Grande batendo no peito.
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