A matéria do jornal O Dia de hoje
(23/12/2013, p. 4) relacionada ao DETRAN dá conta que a Justiça teria
evidências do gerenciamento político de um esquema de corrupção neste órgão. O
Deputado Estadual Coronel Jairo, do PMDB estaria ligado a uma quadrilha que
movimentava R$: 2 milhões de reais por mês na legalização de carros
irregulares. O grupo, ou quadrilha, seria indicação do parlamentar, que seria
conhecido como “o dono do Detran de Campo
Grande” para trabalhar na empresa Facility, responsável pelo recrutamento
dos funcionários terceirizados do posto. O “esquema” seria supervisionado pelo
chefe do posto, também indicado pelo parlamentar.
Questionado pela reportagem, o
Deputado Estadual Coronel Jairo, do PMDB, parece contradizer-se. Quando
perguntado se foi o responsável pelo ingresso das pessoas envolvidas no Detran
de Campo Grande, diz que “Essas pessoas
não são nomeadas pelo político”. Mais adiante, no entanto, diz que “O governo
pede que indique pessoas para fazer cursos lá (...) a gente manda lá pro
governo o nome de 100, 200 pessoas, e só umas 20 é que é (sic) aprovada (...)
eu só indiquei para o governo uns 100, só botaram 20”.
Ainda segundo a reportagem, parte do
dinheiro arrecadado com as propinas seria destinada à campanha política, sendo
que em 2012 os recursos obtidos teriam subsidiado a candidatura do vereador Jairinho
(atualmente, no recém fundado PROS – Partido Republicano da Ordem Social). O chefe
do posto obrigaria os funcionários a conseguir votos para o candidato.
Algumas observações:
Não
é de se espantar que ocorra outro escândalo envolvendo políticos do PMDB.
Segundo o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o partido é o 2º colocado
no Ranking dos que tem o maior número de deputados cassados por corrupção desde
o ano 2000. Ver: http://camaraempauta.com.br/portal/artigo/ver/id/2463/nome/MCCE_divulga_ranking_da_corrupcao_por_partido).
São
tantas as empresas prestadoras de serviços para a administração pública, num
tempo onde os “Jestores” parecem desacreditar do Serviço Público realizado por
Servidores Públicos concursados. Mas... Será mesmo que desacreditam? Ou será
que o combate que travam CONTRA os Servidores Públicos (precarizando salários,
carreiras e condições de trabalho) não tem a ver com o interesse de fazer dos
empregos na administração pública moeda de troca eleitoral. Antigamente – acho que
antes da Constituição de 1988 – muita gente ingressou no Serviço Público “pela
janela”, através de alguma indicação política. Quando a possibilidade encerrou-se,
admitindo-se, apenas, a contratação de Servidores Públicos via Concurso
Público, certos políticos com práticas políticas viciosas viram-se impedidos de
lançarem mão do expediente para colocarem seus simpatizantes ou cabos
eleitorais. Os Cargos de Confiança na Administração Pública (DAIs, DASs, etc) substituíram
isso UM POUCO. Mas... E o cabo eleitoral “comum”, que às vezes tem pretensões
político-partidárias? E o eleitor comum? Como ser agradado pelo político de
práticas viciosas? Como “encaixar” alguém na Administração Pública senão
através de alguma empresa “amiga”, prestadora de Serviços? Lembro-me de ter
ouvido relatos, não confirmados, de políticos influenciando na contratação de
mão de obra terceirizada. E agora vemos, na reportagem, algo muito próximo
disso. De acordo com a reportagem de O Dia, o Deputado Estadual Coronel Jairo,
do PMDB, estaria conseguindo postos de trabalho para algumas pessoas na
Facility. Ele diz que não nomeia, MAS ADMITE QUE INDICA, ATENDENDO SOLICITAÇÃO
DO GOVERNO. E o pessoal contratado teria que fazer o papel de cabo eleitoral. Nas
eleições de 2012, teriam pedido votos para o filho do Deputado Estadual, o
Vereador “Jairinho”, do PROS. Parece que vocação para a Política é genética em
algumas famílias, não...?
A
Facility é velha conhecida do noticiário. Em 2011, o Ministério Público (sim,
as vezes funciona!) teria apresentado denúncia por formação de cartel contra os
donos da empresa, que seria a maior fornecedora de mão de obra do Estado (Ver: http://oglobo.globo.com/rio/mp-denuncia-grupo-facility-por-formacao-de-cartel-em-servicos-de-mao-de-obra-do-detran-2841193
). De
acordo com a matéria, “na denúncia, o MP
afirma que Arthur se reunia com os outros empresários para combinar as
disputas. Com isso, as empresas do grupo Facility venciam as consultas de
preços ou pregões realizados pelo Detran para a contratação de serviços nas áreas
de limpeza, segurança patrimonial e processamento de dados (...) O MP critica
também o argumento usado pelo Detran para a dispensa de licitação de alguns
contratos que foram renovados. O órgão sustentava que os serviços eram
essenciais e não poderiam ser interrompidos até que fosse realizada uma nova
concorrência. Para os promotores, as renovações ocorreram com base na
"morosidade da própria administração, que, propositadamente, não concluía
os procedimentos de licitações em tempo". .. De empresas com condutas suspeitas
o Governo do Estado do Rio de Janeiro se entende bem... Relembrem esta matéria
do Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/03/29/governo-do-rio-afasta-pequenas-mas-mantem-contratos-com-empresas-suspeitas/
Nenhum comentário:
Postar um comentário